Assim não dá...

Estafa! Desânimo! Sei lá. Certo é que, em se tratando de ser professor hoje em dia, está muito complicado. Ou eu estou perdendo o tino, ou eu é que estou errado de estar ali na frente tentando explicar uma disciplina que mais de 90% dos alunos estão nem aí pra ela.

Dias atrás, um aluno é acordado por um colega, enquanto eu tentava explicar alguns algoritmos.

Na última aula, um dia depois de uma prova, enquanto eu fazia sua correção e explicava a resolução de uma questão dela, passo a passo na lousa, a maioria dos alunos da mesma turma simplesmente deitou sobre suas carteiras e adormeceu. Prova essa que, os que estavam dormindo ou tiraram zero ou muito próximo disso. Além disso, nunca ministrei em nenhuma outra turma que tenha lecionado, uma prova que eu ficasse o tempo todo pedindo silêncio. Realmente a grande maioria não sabe se comportar.

Em outro canto, da mesma sala de aula, mesma turma, podia-se ver outra parte dos alunos dormindo ou recém despertados.

Sei que não são todos, há uma minoria que procura fazer os exercícios e gosta dos desafios da disciplina, pega os livros recomendados na biblioteca e me procura nos corredores, no pátio ou ao final das aulas para tirar dúvidas. Obrigado a estes que me dizem da forma mais simples que estou no caminho certo.

Entretanto, a outra parte, a grande maioria, é a mesma que entra e sai da sala a todo instante para beber água, ir ao banheiro de 5 em 5 minutos, com suas solicitações inoportunas, interrompendo o raciocínio da explicação detalhada, meticulosamente realizada e trabalhosa de um problema lógico bem na metade só para perguntar se a palavra algoritmo tem acento ou não, jogando por terra um raciocínio primoroso e principalmente demorado.

É esta parte da turba que vem, desde o início reclamando não estar entendendo a matéria. É esta parte da turba que conversa durante a aula inteira, fazendo-me muitas vezes chegar ao ponto de ter de gritar por silêncio. Na última aula, entretanto, após pedir por silêncio várias vezes, após gritar várias vezes (um professor precisa disso!?), após ficar em silêncio, cabisbaixo, esperando a turba se calar, finalmente, explodi e esmurrei a lousa várias vezes, obtendo finalmente o tão apreciado e preciso silêncio, substituído em seguida, sem nenhuma surpresa, pela fúria infernal das vozes que insistiam em não se calar. Só um suspiro agonizante num mar revolto.

Não foi nenhuma surpresa eu ser chamado para uma conversa. Surpresa foi saber das reclamações sobre a dificuldade de entendimento da matéria por parte de alguns alunos. Não sei quem são, só sei de uma coisa: como conseguir entender qualquer coisa que se diga, numa sala que insiste em não se calar de maneira alguma?

Com esta turma eu já cravei o prego na parede, já tirei as chuteiras, só está faltando uma coisa... e está por um fio.

Desafortunadamente,