Metade das crianças brasileiras que concluíram o 3.º ano (antiga 2.ª série) do ensino fundamental em escolas públicas e privadas não aprendeu os conteúdos esperados para esse nível de ensino. Cerca de 44% dos alunos não têm os conhecimentos necessários em leitura; 46,6%, em escrita; e 57%, em matemática.
Isso significa que, aos 8 anos, elas não entendem para que serve a pontuação ou o humor expresso em um texto; não sabem ler horas e minutos em um relógio digital ou calcular operações envolvendo intervalos de tempo; não identificam um polígono nem reconhecem centímetros como medida de comprimento.
Meu filho tem cinco anos, já lê quase 100% com pontuação, sem se engasgar com palavras desconhecidas e encontros consonantais como LH, NH, RR, SS etc., entende algumas piadinhas em histórias em quadrinhos, lê horas e tem seu próprio relógio digital de pulso, já sabe usar um tablet Android e ligar sozinho o notebook, além de usar a internet para pesquisar vídeos, imagens e jogos, faz pequenos cálculos de adição, conhece muitos polígonos pelo nome, usa a fita métrica e sabe ler a medida, apesar de não entender completamente o que ela significa. Lê, fala (com fluência) e soletra diversas palavras em inglês, conhecendo seu significado. E ele só começa a estudar para valer ano que vem.
Isso demonstra uma coisa, não que minha família sozinha sirva para efeito comparativo, que a educação só se realiza a longo prazo. É necessário passar-se geração após geração para que a educação prevaleça sobre a ignorância. O fato dos meus pais terem ensino médio, e eu superior, coloca meu filho numa situação completamente diferente da situação que meu pai tinha. A oferta de formas de aprendizagem agradáveis, instigantes, o fato de eu ser professor, ambos os pais graduados, estar numa escola particular, ter muitos livros e revistas, poder aquisitivo para estar sempre comprando revistas e livrinhos para ele, enfim tudo isso, que não é incomum para grande parte da sociedade, é no entanto, privado da grande maioria, esmagadora maioria de analfabetos funcionais.
Caminhamos em sentido contrário das grandes nações, ditas de primeiro mundo, como China, EUA e países europeus. E mesmo na América Latina há países que investem muito mais em educação que o Brasil. Chegaremos, certamente, ao topo do mundo. Já somos a 7ª economia global. Ficaremos no topo? Acho que não. Ao invés de uma curva de Bode, estamos mais para uma Senóide.
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